A PALAVRA QUE NOS UNE - Pe. Paulo Gozzi, SSS
O maior instrumento de comunicação entre as pessoas é a palavra e Deus utiliza esse meio para se comunicar, mas infelizmente ainda não sabemos usar esse meio de forma positiva. As palavras provocam mal-entendidos, brigas, separações e os mais violentos sentimentos de oposição. Foi para que as pessoas se unissem que Deus transformou a sua própria Palavra em um homem, Jesus Cristo. Antes falava pelos profetas e agora fala por seu Filho. A comunicação entre Deus e a humanidade se dá de um modo vivo: Os discípulos de Jesus vivem seus ensinamentos sendo unidos pelo amor mútuo. É o que chamamos de Tradição. Depois essa vida é registrada por escrito. São as Sagradas Escrituras.
A divisão dos cristãos ainda hoje se alimenta de interpretações divergentes da Palavra de Deus. As partes em conflito justificam a existência de seu grupo com textos bíblicos. “Palavra não foi feita para dividir ninguém”, diz um belo canto pastoral. Pode Deus estar satisfeito com os filhos que usam sua Palavra para se dividir e se manter separados? Até quando? Quando nossa Igreja se colocou em estado de reforma e renovação de suas estruturas, a primeira coisa que reconheceu foi a importância da Palavra como instrumento de reintegração da unidade dos cristãos. Vemos que os ortodoxos, os anglicanos e todos os outros cristãos baseiam sua liturgia, sua teologia e sua vida na Palavra de Deus.
Sabendo que “a Palavra de Deus, na Sagrada Escritura, ilumina e alimenta os cristãos de todas as denominações” (GEE, 14), é preciso fazer dela uma fonte de entendimento e de reencontro dos irmãos. Assim, todos somos convidados a nos reunir ecumenicamente para ler e estudar a Palavra. O caminho da unidade se faz conhecendo melhor o nosso Senhor Jesus Cristo, pois “o desconhecimento das Escrituras é desconhecimento de Cristo”, já dizia São Jerônimo. Uma das maiores vitórias do movimento ecumênico é a Bíblia traduzida e comentada por especialistas de todas as Igrejas e comunidades eclesiais.
Existem hoje grupos de estudo bíblico nas casas, que congregam católicos e outros cristãos, com a preocupação de aprofundar a fé e conhecer as várias interpretações que levam as pessoas a uma fidelidade maior à sua própria denominação e à busca de meios de aproximação e unidade em Cristo. Eles sabem que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, refutar, corrigir e educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra” (2 Timóteo 3, 16-17). Quem usa a Escritura para acusar e condenar os outros está contrariando a vontade de Deus. O Pai quer que sua Palavra seja usada para que seus filhos cresçam no amor mútuo e tenham maior união.